Radiação ionizante e não ionizante

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Descoberta

O físico francês Henri Becquerel (1852-1908), já era familiarizado com os fenômenos de fluorescência e fosforescência, pelos seus próprios estudos e pelos realizados por seu pai, Edmond Becquerel (1820-1891). De acordo com Pierre (p. 10 à
15), ambos os eventos citados acima fazem parte de fenômenos químicos que ocorrem com a emissão de luz, nestes casos a luz ultravioleta, mais conhecida como luz negra (não visível ao olho humano), sendo assim, a fluorescência é a radiação emitida por uma substância enquanto exposta a uma fonte externa de radiação, durando apenas enquanto o objeto estiver recebendo-a. Isso porque este fenômeno é muito rápido. Naturalmente, alguns minerais, como a fluorita e algumas espécies animais e vegetais aquáticas, como a medusa fluorescente e a água viva, são exemplos de onde podemos encontrar a
fluorescência, além de sua aplicação em lâmpadas fluorescentes. Já na fosforescência, também há uma substância que emite radiação quando exposta a uma fonte externa de radiação, porém, esta ainda permanece emitindo radiação se a fonte for retirada, ou seja, materiais fosforescentes brilham no escuro. Alguns materiais tornam-se fosforescentes, devido a adição de algum material radiativo, que fornece radiação para o acontecimento do fenômeno. Desse modo, a fosforescência
pode durar muitos anos. As principais aplicações deste fenômeno são em equipamentos de segurança e sinalização de trânsito, interruptores de luz e mostradores de relógio. No dia 24 de fevereiro de 1896, Henri faz uma comunicação à Academia Francesa de Ciências e inicia enfatizando certos resultados obtidos por Charles Henri e Niewenglowski sobre alguns elementos químicos fosforescentes e suas propriedade radionizantes. Em seguida, ele relata sua experiência com o sulfato de potássio de urânio, na qual foi coberta uma chapa fotográfica com duas folhas de papel negro grosso, e colocado sobre o papel uma camada de substância fosforescente, expondo-as ao Sol durante várias horas. Após revelar a chapa fotográfica, Henri percebeu a silhueta da substância fosforescente em negro sobre o negativo, além desta maneira, o físico apresentou outra forma para realização e obtenção do mesmo resultado. Da experiência feita, concluiu que
a substância fosforescente utilizada emitia radiações que penetravam no papel que era opaco à luz. Após alguns dias Becquerel resolve repetir a experiência, e se surpreende ao perceber que as chapas fotográficas que haviam sido guardadas na mesma gaveta em conjunto com um cristal de urânio, apresentaram-se impressionadas, tão intensamente quanto estariam se sujeitas previamente à luz solar. Mesmo na ausência de luz, o urânio senbibilizou as chapas fotográficas, tanto os compostos puros de urânio quanto minérios que continham esse elemento mostravam claramente isso. Os resultados de Becquerel foram apresentados à Academia em uma reunião realizada no dia 2 de março. Sendo atribuído à Becquerel o mérito do descobrimento de um novo fenômeno na física, a radioatividade (espontânea), como seria chamada
posteriormente. Mais tarde, no artigo “Como Becquerel não descobriu a radioatividade”, Roberto Martins descreve evidências bastante convincentes para negar essa primazia à Becquerel. Porém, isto não diminuiu a contribuição científica de Becquerel no ainda incipiente campo das radiações. O Prêmio Nobel de 1903 é a prova mais evidente disso. Henri havia descoberto algo novo, mas os seus raios não eram um tipo de fosforescência ou fluorescência. O que seriam, então?
Marie (Sklodowska) Curie (1867-1934), nos fins de 1897 se propõe em investigar a natureza dos raios de Becquerel, em sua tese de doutorado. Trabalhando em conjunto com Pierre Curie (1859-1906), seu marido, desenvolvem vários estudos experimentais nos quais utiliza uma importante propriedade identificada por Becquerel: gases atravessados por raios de urânio eram capazes de conduzir eletricidade. Posteriormente examinou se os raios de Becquerel eram característicos em outros elementos químicos e se estes também eram capazes de emitir esse tipo de radiação. Com isso, mais tarde, descobriu que o Tório e seus compostos emitiam espontaneamente uma quantidade significativa daqueles raios, e proporcional à quantidade de Tório que possuíam. Como o casal Marie e Pierre Currie não conseguiram registrar atividades semelhantes em nenhuma outra substância química conhecida. Consideraram inadequados os termos “raios de urânio” ou “radiação de urânio”, passando a chamar o urânio e o tório de substâncias radioativas e (mais tarde) de radioatividade o fenômeno de emissão dos raios de Becquerel por esse tipo de elemento. Em seguida, o casal Marie e Pierre Curie verificou que todos os sais de urânio possuíam a mesma propriedade. Em 1898, eles extraíram e purificaram o urânio, do minério pechblenda (forma mineral marron-escura do óxido de urânio), U3O8, verificando que as impurezas eram quatrocentas vezes mais radioativas que o próprio urânio. Dessas impurezas isolaram dois elementos até então desconhecidos: o rádio e o polônio.
Em junho de 1903, Marie Curie apresenta sua tese de doutorado com os resultados de sua pesquisa. Para a banca examinadora, tratava-se da maior contribuição científica já feita em uma tese de doutorado. Marie e Pierre dividiram o Prêmio Nobel de Física com Henri Becquerel, em 1903. Um segundo Nobel, foi atribuído a Marie em 1911, em química, devido ao reconhecimento de seus trabalhos para o avanço da química, pela descoberta dos elementos rádio e polônio, pelo isolamento do primeiro (conseguido em 1911) e o estudo da natureza e dos compostos deste elemento. A descoberta da radioatividade e seus elementos radioativos não servem apenas para fabricação de bombas nucleares e produção de eletrecidade em usinas, mas possui também uma grande importância, e entre muitas utilidades, as mais conhecidas estão:
Na agricultura, onde frutas e legumes podem ser expostos à radiação sem prejuízo para a saúde do consumidor, para aumentar sua durabilidade. Pode ser usado também para forçar mutações genéticas em sementes, buscando produzir plantas com características melhoradas. Na indústria, em fábricas, por exemplo, a radiação é usada para medir a espessura e a densidade de materiais. Também pode-se alterar a cor de pedras preciosas, aumentando seu valor comercial. Os elementos radiativos também são utilizados em máquinas de esterilização de equipamentos médicos, matando microrganismos sem deixar resíduos. Além, da produção de membranas de hidrogel (usadas no tratamento de queimaduras) ela é fundamental na garantia da liga do material. E principalmente na medicina, na qual, além das radiografias, o tratamento contra o câncer através da radioterapia1, por exemplo, onde a radiação ionizante ataca, destruindo ou o impedindo a multiplicação das células cancerígenas.

1 Informações dispostas em NO COTIDIANO. Disponível em: <http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1805813-radioatividadecotidiano/
>
FONTES CONSULTADAS
PIERRE, Tatiana Dillenburg Sain’t. Reações Fotoquímicas. Disponível em: < http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de %20Leitura/conteudos/SL_reacoes_fotoquimicas.pdf >. Acesso em: 10 de jun de 2012.
PEDUZZI, Luiz O. Q. Do átomo grego ao átomo de Bohr - (pdf). Departamento de
Física Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis – SC, 2008.

Radioatividade-física

Radioatividade é o fenômeno que ocorre quando um núcleo instável emite espontaneamente determinado entidades (partículas e ondas), transformando-se em outro núcleo estável. As entidades emitidas por um núcleo são denominadas radiações. A radiação Ionizante, portanto, é energia que as partículas emitidas de núcleos instáveis são capazes de causar ionização, essas estão na forma de partículas alfa, ou nêutrons.
No caso da emissão de energia, a emissão se da por uma forma de onda eletromagnética muito semelhante aos raios-x: os raios gama. (Site - Fiocruz) Segundo Canzian (2000), as radiações (partículas ou ondas) podem ser ionizantes ou não ionizantes. A ionização acontece quando a energia da radiação incidente sobre um material é suficiente para arrancar elétrons dos seus átomos. A radiação é dita não ionizante quando sua energia não é suficiente para arrancar elétrons dos átomos. Neste caso pode ocorrer a excitação do átomo, onde elétrons são levados a camadas mais externas do átomo, sem serem ejetados. De acordo com Canzian (2000), a radiação ionizante danifica células do corpo humano, mas tecidos saudáveis possuem maior poder de regeneração que tecidos doentes e com isso o objetivo da radioterapia é poder atingir o tumor com uma alta dose, danificando o mínimo possível os tecidos saudáveis vizinhos. Existem algumas formas de tratamento em que a radiação ionizante é utilizada, as mais conhecidas segundo Canzian (2000) são basicamente duas: a teleterapia e a braquiterapia. Na teleterapia são utilizadas fontes externas ao paciente. Os equipamentos mais comuns neste tratamento são aceleradores lineares (que não possuem fontes radioativas e nos quais a radiação é produzida através da aceleração de partículas) e máquinas com fontes radioativas potentes (Cobalto 60, Césio 137). Na braquiterapia as fontes são implantadas ou colocadas em contato com o paciente. Neste caso, são utilizadas pequenas fontes radioativas (Césio 137, por exemplo). Quando vamos realizar um exame de raio X, ou um tratamento de radioterapia, percebemos que existe umas normas a serem seguidas e muitas vezes não entendemos o porque de todos aqueles cuidados. Para Canzian (2000), os “procedimentos de proteção radiológica ou de radioproteção têm como objetivo proteger o ser humano dos efeitos nocivos da radiação
ionizante para que ele possa usufruir dos benefícios dessa radiação com segurança.” Para que o serviço de radioterapia funcione, é preciso que haja um físico responsável pela proteção, e é este que deverá elaborar o plano de radioproteção, pois este deve ser aprovado pelo CNEN, para daí sim este serviço entrar em funcionamento. 
Ainda segundo Canzian (2000), “os raios-X começaram a ser utilizados em diagnóstico e terapêutica, tendo Emil A. Grubbe com um pioneiro, ainda 1896. Em 1896, Pierre e Marie Curie descobriram o Radium 226, introduzindo-o em terapêutica. Nesta época, os cirurgiões passaram a utilizar as radiações no tratamento de tumores malignos, acreditando atuarem por ação cáustica nos tecidos.” Por não saberem as doses corretas, no inicio estas eram elevadas e causava danos aos pacientes, o que fez com que esse método fosse desacreditado. Mas com o progresso da física médica na década de 30, permitiu medir as doses de radiação e com isso estabelecer uma relação entre quantidade e efeito biológico. E com os avanços dos estudos específicos chegamos na radioterapia, um importante tratamento do câncer, que consiste na utilização da radiação gama, raios X ou feixes de elétrons para o tratamento de tumores, eliminando células cancerígenas e impedindo o seu crescimento. O tratamento consiste na aplicação programada de doses elevadas de radiação, com a finalidade de atingir as células cancerígenas, causando o menor dano possível aos tecidos sãos intermediários ou adjacentes.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CANZIAN, Nelson – Radioatividade e radiação – Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências Físicas e Matemática – Departamento de Física. Disponível
em: http://www.fsc.ufsc.br/~canzian/. Acesso em: 31 de mai. De 2011.
 
FONTES CONSULTADAS

ELBERN, Alwin. Noções Básicas de Radioterapia – 1. Disponível em:
http://www.prorad.com.br/cursos/Cursos/radioterapia_1.pdf. Acesso em: 15 de mai. De
2012.
_______Radiação. Disponível em:
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/radiacao.html. Acesso em: 09 de jun.
De 2012.
_______Radiação. Disponível em:
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/radiacao.html#Radiação Alfa (a).
Acesso em: 10 de jun. de 2012.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O "Bem" e o "mal" da radiação

http://nytsyn.br.msn.com/colunistas/sa%C3%BAde-pessoal-n%C3%ADveis-de-radia%C3%A7%C3%A3o-aumentam-trazendo-riscos-frequentemente-ignorados-1?page=0



Radioterapia



A radioterapia consiste em eliminar os tumores cancerígenos utilizando raios gama ou fonte de elétrons. O tratamento consiste em eliminar as células cancerígenas, através de radiações ionizantes, evitando assim a sua reprodução. O tratamento é feito com doses específicas aplicadas na área do câncer, para matar as células cancerígenas.
O feixe de partículas (ou fótons) vindo de uma amostra de núcleos instáveis, estes núcleos possuem tendência de ejetar pequenos fragmentos nucleares e juntamente com eles radiação magnética de alta energia, é denominada radiação nuclear ou radiação atômica e o fenômeno é chamado radioatividade. Diz-se que isótopos que exibem esta propriedade de emissão de partículas são radioativos e denominam-se radionuclídeos, aproximadamente 60 dos cerca de 350 isótopos que ocorrem naturalmente são radioativos. (BRADY & SENESE. 2009).
Isótopos são átomos com maior ou menor quantidade de nêutrons, denomina-se isótopo pesado o de maior número de nêutrons, e isótopo leve o de menor número de nêutrons. Contudo para compreender melhor o que é um isótopo é preciso antes conhecer as partes do átomo. Segundo Pereira,
O número de massa é a soma de prótons e nêutrons do átomo. O número atômico corresponde ao número de prótons existentes no núcleo do átomo e é importante porque determina qual é o elemento químico, já que cada elemento tem o mesmo número de prótons sempre. Os isótopos são dois átomos do mesmo elemento químico com números de massa (A) diferentes e números atômicos (Z) iguais. A diferença se encontra no número de nêutrons (PEREIRA, 2010).

Pereira (2010) diz ainda que o radioisótopo é o átomo que apresenta um núcleo radioativo, que emite radiação. E quando o radioisótopo se transforma em um isótopo, libera uma energia de partículas alfa, partículas beta ou radiação gama. Os radioisótopos são muito utilizados em tratamentos médicos e também para diagnósticos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

RELACIONANDO A RADIOTERAPIA COM AS TRÊS ÁREAS ESPECÍFICAS:
FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA
 
 
 
 
Existem vários conceitos em relação ao termo interdisciplinaridade. Mas tem por objetivo comum a educação voltada para a formação do indivíduo, proporcionando a capacidade de dialogar com as diversas ciências, fazendo entender o saber como um e não partes, ou fragmentações (Fazenda, 1994).

É uma proposta onde a maneira de ensinar é quem determina a construção do conhecimento gerado pelo aluno, partindo da integração dos saberes disciplinares, não apenas unindo-as, mas demonstrando o quanto é importante o conjunto na realidade do educando. No projeto em questão, o saber continua dividido, mas ocupando um mesmo espaço, facilitando ao aluno perceber a posição e importância de cada conteúdo em sua totalidade, facilitando estudar as partes de um todo. Portanto, a interdisciplinaridade vem para superar a racionalidade científica positivista, quebrando paradigmas e contribuindo para uma formação de qualidade do sujeito. Por essas e outras que, segundo os PCNs:

A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (Brasil, 2002, p. 88-89).


Segundo Morin (2000, p. 43): “a inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos disjuntos, fraciona os problemas, separa o que está unido, torna unidimensional o multidimensional”. É nessa perspectiva que as autoras Vieira, Bianconi e Dias, ressaltam que “o ensino não deveria ser fragmentado já que a realidade não é fragmentada”(2005, p.03), por isso da necessidade de se trabalhar de forma a propiciar ao aluno o desenvolvimento de uma visão do mundo, que lhes de condições de colher e processar informações, de desenvolver a comunicação, avaliar situações, tomar decisões, ser atuante positivo e crítico em seu meio social (PNC 2008, p. 62).

“É importante enfatizar que a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador com as disciplinas de um currículo, para que os alunos aprendam a olhar o mesmo objeto sob perspectivas diferentes”(Corrêa, UFSM). Ainda nessa perspectiva, a autora enfatiza que a interdisciplinaridade, como o próprio conceito recomenda, não anula as disciplinas, mas pede que as mesmas dialoguem entre si numa perspectiva educacional em busca de inovação. Assim, o Projeto de Radiação Ionizante pretende trabalhar as Ciências Naturais de forma integrada com as disciplinas de Biologia, Física e Química o tema dos efeitos da Radiação Ionizante na Matéria Biológica.

Sendo a radiação uma forma de onda que carrega alta quantidade de energia através do espaço e podendo ser gerada por fontes naturais ou por dispositivos produzidos pelo homem é necessário compreender as principais formas de radiação e suas principais características.

Desta forma, existem basicamente quatro formas de radiação: a particulada, a ondulatória, a ionizante e não-ionizante.

    A radiação particulada, é caracterizada pela sua massa, velocidade e carga, essa radiação é a que apresenta prótons, nêutrons e elétrons , como por exemplo as partículas alfa.

    A ondulatória, caracteriza da pela sua amplitude e frequência da onda eletromagnética.

    A não-ionizante, se define quando a radiação não possui carga suficiente para "arrancar" os elétrons de seus átomos.

    A ionizante, é caracterizada como uma radiação que emite energia suficiente para arrancar os elétrons dos átomos da matéria.

Dentro da medicina os raios ionizantes são de fundamental importância, visto que podem ser utilizados em diagnostico por imagem (raios-X) e em tratamento no combate a doenças. Dessa forma, nosso projeto irá trabalhar a utilização da radiação ionizante no processo de radioterapia em combate ao câncer.

Ao longo da vida, os seres humanos estão expostos a altas quantidades de radiação ionizante, na forma de radiação ultravioleta, raios-X, raios gama, entre outros. Os efeitos desse tipo de radiação no organismo de uma pessoa depende basicamente de três fatores; da dose absorvida pelo corpo, o número de vezes que o indivíduo se expõe ao longo da vida, e da maneira como o corpo é exposto quando entra em contato com a radiação, ou seja, se existe alguma forma de proteção para que os raios não atinjam o indivíduo podendo provocar algum efeito adverso. Qualquer que seja a dose absorvida pode induzir ao câncer ou matar as células. Quanto maiores as doses absorvidas e maiores as taxas de exposição maiores as probabilidades de provocar danos, sejam estes mutações precursoras de câncer e a morte celular (Nouallhetas, 2011).

Ao falarmos de radiação e de sua utilização no tratamento de câncer, através do processo de radioterapia, é necessário também discorrer sobre os efeitos causados no indivíduo, bem como as estratégias que devem ser seguidas para potencializar o tratamento. Veremos que a garantia do controle da qualidade e a dosagem de radiação utilizadas neste tipo de tratamento são controladas sob a responsabilidade dos físicos médicos, que participam direta e ativamente na elaboração de tratamentos para esta.

Como cita a Associação Brasileira de Física Médica (ABFM), “a Física da radioterapia é a área da física médica relacionada ao uso da radiação ionizante no tratamento das neoplasias malignas. Onde as técnicas associadas à esta área utilizam aparelhos de raios-X de ortovoltagem, unidades de cobalto-60 e aceleradores lineares, além de fontes de radiação constituídas de isótopos radioativos como césio-137 e irídio-192 e outros”. Segundo Lima (2009) a radioterapia tem como uma das suas tarefas a de tornar mínimos os riscos associados às doses de radiação recebidas pelos profissionais e pelos doentes, durante o diagnóstico médico com radiação ionizante.

Deste modo este projeto vai realçar a interdisciplinaridade contemplando as três principais ciências naturais, Biologia, Química e Física. Abordando desde o contexto histórico da radiação e como ela atinge, a matéria biológica e quais são os efeitos da radiação ionizante no organismo (benéficos e maléficos) e por meio de quais processos isso ocorre, respectivamente.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

NOUAILLHETAS, Yannick. Radiações ionizantes e a vida . Ministério de Ciência e Tecnologia. Comissão Nacional de energia Nuclear. Rio de Janeiro, RJ, 2011. Disponível em: <www.cnen.gov.br>. Acesso em 15 de maio de 2012.

FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. 13° Edição. Campinas: Papirus Editora. 1994.




 O CANCÊR E O TRATAMENTO FEITO POR RADIOTERAPIA



Fala-se muito atualmente sobre o câncer. De acordo com Ferreira,1996 apud Lorencetti 2005, o câncer é uma doença que a cada ano aumenta o número de casos, sendo que os homens sofrem uma maior incidência se comparados as mulheres. Segundo o Dr. Jerry Gordon, o “câncer” na verdade é um grupo de mais de cem doenças distintas, caracterizadas pelo crescimento anormal e irregular das células. Esse crescimento destrói o tecido corporal ao redor, podendo se expandir em outras partes do corpo em um processo chamado metástase. Não é contagioso e pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, em qualquer idade, sob fatores controláveis ou não. Os tipos de câncer mais frequentes são: o de pele, o de pulmão, de cérebro, de mama, de próstata, de cólon, de ovário, além da leucemia, do linfoma, entre outros. Porém, muitos destes podem ser evitados se detectados precocemente, com isto podemos enfatizar a importância de exames periódicos para prevenção.

Segundo D'Ippolito & Medeiros (2005, p. 447) a radioterapia apesar de aumentar as possibilidades de cura do câncer não pode ser aplicada em todas as regiões do corpo. Isto ocorre porque em nosso organismo existem algumas células que são mais sensíveis a radiação, geralmente são as regiões que possuem maior atividade no corpo, como o cérebro e coração, ou as áreas que estão em constante divisão, como a epiderme, a medula óssea, entre outras, ou ainda estruturas mais resistentes, como as células musculares.

Para diagnosticar um câncer, conforme diz o Dr. Gordon, os médicos geralmente fazem um histórico detalhado do paciente, perguntando sobre sua saúde em geral (sintomas e ações rotineiras), realização de exames físicos, com atenção especial nas regiões aparentes do paciente, podendo ainda ser utilizada a endoscopia, exames laboratoriais (sangue), além de análises de imagens (raios-X, tomografias, mapeamento ósseo ou ultrassom).

Nos últimos anos os tratamentos evoluíram bastante pela busca da cura, porém são muitos os casos onde o paciente vem a falecer em virtude do agravamento e tratamento contra a doença. Segundo Lorencetti (2005), o fato de uma pessoa saber que está com câncer já meche com seu sistema neurológico, e a falta de informação muitas vezes só tendem a aumentar as indagações e o estresse que é algo natural nessas situações. No entanto, quando diagnosticado, o câncer possui várias alternativas de tratamento, que se diversificam conforme o tamanho do tumor (maligno), localização, tipo, entre outros fatores. Os tratamentos mais comuns de câncer são: a cirurgia, a radiação (ou radioterapia) e a quimioterapia (com medicamentos). Em muitas situações, esses tratamentos são combinados para resultados mais eficazes.

Quando tratamos de câncer seja no início quando diagnosticamos a doença ou durante o tratamento radioterápico temos diversas reações na sociedade. A principal delas está na questão de que a radiação, fonte causadora do câncer pode ser também utilizada para o seu tratamento e cura, o que a partir do senso comum pode parecer contraditório. Por outro lado existem pessoas, que acreditam na eficiência do tratamento sem saber ao certo seus prós e os contras, especialmente no que se refere aos efeitos da radiação na matéria biológica.

Tendo em vista todas essas questões, intenciona-se com esse projeto que o conhecimento científico sobre o tratamento radioterápico permita compreender a utilização da radioterapia no tratamento de câncer e seus efeitos no corpo humano, através de discussões nas escolas, e que, através dos estudantes e trabalhos que possam ser por eles desenvolvidos, com mediação do professor de ciências, alcancem a comunidade local.

A escola é um dos lugares que se deve discutir sobre o câncer, estimulando novas visões, reflexões e promovendo novas atitudes em relação à educação em saúde, sendo esta última um dos Temas Transversais do PCN de Ciências Naturais de Ensino Fundamental 3º e 4º Ciclo (PCN, 1998, pág.50). Conforme Goldfarb, apud Lima (2006, p.11) as ações desenvolvidas na escola influenciam não só os alunos mas também os pais, familiares, funcionários e a comunidade em que a escola está inserida. Vendo assim a necessidade destas ações para o desenvolvimento dos alunos bem como de todos aqueles que fazem parte da escola. Ainda segundo Lima (2006), é neste contexto que os professores exercem um papel fundamental no trabalho a ser desenvolvido nas escolas, porquê são eles os intermediários dos conhecimentos de prevenção e outras informações sobre o câncer.

É muito importante enfatizar para os alunos descrições detalhadas envolvidas durante o processo da radioterapia utilizada no tratamento do câncer, analisando o comportamento da radiação no momento em que esta entra em contato com o local onde há o desenvolvimento do mesmo, apontando seus efeitos (positivos e negativos), para esclarecer possíveis duvidas dos alunos.

Deste modo o público-alvo para este projeto serão alunos de 9º ano de Ensino Fundamental, tendo em vista que muitos estudantes têm ou em casa ou na vizinhança, pessoas que estão passando por um processo de recuperação cancerígena e, certamente estão fazendo ou já fizeram radioterapia. Pois um dos objetivos do PCN de Ciências Naturais é permitir que o aluno possa “conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva”(1998, pág. 7).

Para que as informações sobre a causa do câncer e seu tratamento cheguem a comunidade local onde a escola está inserida pretende-se que ao final desse projeto, os estudantes em conjunto com o professor produzam folders sobre o tramamento do câncer por meio da radioterapia realçando verdades e quebrando mitos, promovendo o conhecimento dos efeitos da radiação ionizante sobre a matéria biológica.

Esses folders serão construídos com o auxílio do professor. Os estudantes serão divididos em grupos e cada grupo irá confeccionar o seu folder. Usando de desenhos, tópicos ou textos curtos. De forma que possam responder da maneira que entenderam a problemática que os professores colocaram no início do projeto: Se a radiação que incide sobre um tecido humano pode desencadear o câncer, então como pode-se utilizar da radiação no combate ao câncer? Além dos folders pretende-se também fazer um seminário, usando da mesma metodologia de divisão em grupos de quatro alunos. A apresentação deste seminário será durante uma feira de Ciências da escola, sendo que esta será aberta ao público em geral, como pais, alunos, professores e toda a sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LIMA, de P. J. J. Técnicas de diagnóstico com raios X: aspectos físicos e biofísicos. Universidade de Coimbra, 2009, p. 687.

LORENCETTI, Ariane e SIMONETTI, Janete Pessuto. As estratégias de enfrentamento de pacientes durante o tratamento de radioterapia . Rev. Latino-Am. Enfermagem online?. 2005, vol.13, n.6, pp. 944-950. ISSN 0104-1169. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692005000600005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692005000600005&lang=pt>. Acesso em 20 de maio de 2012.

D'IPPOLITO, Giuseppe. MEDEIROS, Regina Bitelli. Exames radiológicos na gestação. Radiol Bras. São Paulo, v.38, n.6, p.447-450, 2005.